A amigos, a artista baiana disse que tinha medo de retornar aos Estados Unidos e ser presa, já que Wilma havia vendido um apartamento da cantora no país, sem pagar os devidos impostos.
Um dos funcionários entrevistados pela reportagem diz ter presenciado uma discussão entre Wilma e Gal Costa. "O dinheiro entra e some, as dívidas não param de chegar. Que tipo de empresária é você?", teria perguntado a artista. "Você é uma velha, as pessoas não querem mais te contratar", respondeu Wilma. Ainda de acordo com o funcionário, a briga se tornou um confronto físico.
Apesar da insatisfação, Gal teria receio de terminar o relacionamento. "Se largar Wilma, ela leva metade de tudo que eu tenho, sem nunca ter trabalhado de verdade para conseguir alguma coisa", teria dito a cantora. A atriz Sonia Braga também se afastou do convívio do casal, após supostamente levar um golpe. A atriz, no entanto, não respondeu às tentativas de contato da "Piauí".
Afastamento de familiares e amigos
Guto Burgos, irmão de Gal, disse que Wilma o afastou da irmã em 1997. Depois disso, ele não participou mais da vida da cantora. "Por favor, eu não quero mais falar disso. É um assunto que me dói muito", disse à reportagem.
Segundo Guto, Gal era dona de oito salas comerciais no Rio, que lhe rendiam alugueis, uma cobertura e um apartamento num condomínio de luxo em São Conrado, na Zona Sul da cidade. A revista também encontrou quatro salas comerciais no Leblon e dois imóveis em São Conrado, todos registrados no nome de Gal. "Também tinha imóveis em Salvador, Trancoso e Nova York. Como dói saber que ela morreu sem nada disso. Parece que todo o trabalho dela foi em vão", lamentou o irmão.
Gal também tinha uma granja em Petrópolis, onde passava fins de semana com a atriz Lúcia Veríssimo, com quem namorou na década de 1980. O espaço foi vendido pelas artistas em 1992, virou uma escola e, mais tarde, uma pousada.
O médium Halu Gamashi acusa Wilma de ser ciumenta e, por isso, ele tinha que se encontrar com Gal às escondidas. Segundo ele, em 1995, escutou a empresária perguntar para a cantora se ela não sentia vergonha por estar tão gorda. "Você está pensando que é quem, Nana Caymmi?", teria dito Wilma. O médium disse que sempre estranhou o fato de Gal não responder e aceitar calada.
Carreira e prejuízos
De acordo com o produtor Rodrigo Bruggermann, Wilma Petrillo foi "uma das piores pessoas" com quem ele já trabalhou. Responsável pela turnê "Recanto" em cidades do Sul do Brasil, ele detonou a viúva de Gal Costa. "Além de ser grosseira, ela fazia mudanças de última hora e aplicava taxas surpresa", disse. Ele também contou que a cantora não podia fazer participações especiais nos shows de outros artistas porque Wilma não deixava. "Provavelmente nem deixava os convites chegarem até ela", revelou.
Já o empresário Maurício Pessoa relembrou um momento complicado que passou com Wilma e Gal. Em 2013, ele conseguiu um patrocínio de R$ 700 mil da Natura Musical para a realização de seis shows e gravação de um álbum, ao vivo, em que Gal interpretaria canções de Lupicínio Rodrigues. Wilma, no entanto, exigiu receber 80% do valor imediatamente, ou seja, R$ 560 mil. Só depois disso ela aceitou dar andamento às apresentações, que aconteceram apenas em 2015, aos trancos e barrancos. "Wilma sempre dizia que a agenda da Gal estava apertada", detalhou o empresário.
Quando chegou o momento de gravar o álbum, Wilma parou de responder às suas mensagens. Quando finalmente conseguiu falar com ela, a companheira de Gal Costa disse que a artista não tinha mais disponibilidade para continuar no projeto. A gravação do álbum foi marcada para 2017, mas ninguém apareceu no local. Com isso, a Natura não pagou os R$ 140 mil restantes, e o empresário estima ter ficado com um prejuízo de mais de R$ 1 milhão.
Sepultamento
Quando Gal morreu, Guto Burgos mandou um recado para Wilma,
alertando que a irmã tinha o desejo de ser enterrada no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, ao lado da mãe, onde a família tem um jazigo perpétuo. Ainda assim, Wilma decidiu que a diva seria sepultada no Cemitério da Consolação, no mausoléu da família dela.
Procurada para comentar as acusações, Wilma não respondeu as tentativas de contato e ainda bloqueou o repórter da "Piauí" no WhatsApp. O advogado da viúva de Gal mandou uma "advertência" para a revista, solicitando que a reportagem não fosse publicada, sob pena de sofrer "as medidas judiciais cabíveis".