Parte dos atos que serão anulados afeta diretamente os chamados CACs (Colecionares, Atiradores profissionais e Caçadores). Desde o primeiro ano de gestão, Bolsonaro assinou decretos que facilitaram não só o registros de pessoas como CACs, mas ampliaram o arsenal que essa categoria pode manter em seu poder.
Na véspera do Natal, um CAC, o paraense George Washington de Oliveira Sousa, foi preso após tentar praticar um ato terrorista ao instalar uma bomba em um caminhão de combustível próximo ao aeroporto de Brasília.
"Esse caso é bastante grave e concretiza o risco que alertamos por quatro anos de que as armas poderiam ter uso político forte. É emblemático. A facilitação do acesso atingiu pessoas que não tinham o interesse legítimo no esporte, mas queriam se armar para usos não muito republicanos", disse Carolina Ricardo, diretora do Instituto Sou da Paz.
Em depoimento, George Washington afirmou que as recorrentes declarações de Bolsonaro em defesa do armamento da população o estimularam a adquirir um arsenal avaliado em cerca de R$ 160 mil.
ESTUDO
Levantamento feito pelo Sou da Paz mostra que durante o governo Bolsonaro foram editados pelo menos 40 atos tornando mais fácil o acesso a armamentos e munições. Segundo Carolina Ricardo, o atual governo não só ampliou o número de armas para cada pessoa com direito a porte ou registro de CAC como reduziu o poder de monitoramento do Estado sobre o arsenal privado.