Rio das Ostras vem se consolidando cada vez mais como um polo musical no Estado do Rio e já mostrou que vai muito além de seu já tradicional festival de jazz e blues e dos eventos do Sesc de verão e inverno. Por lá, o investimento na formação musical de novos artistas acontece o ano todo, especialmente desde 2019, quando o município foi indicado pela Unesco para a lista de Cidades Criativas da Música.
Os esforços para que Rio das Ostras tenha mais gente vivendo de arte incluem o Centro de Formação Artística de Música, Dança e Teatro (Onda), instituto fundado em 2002 que já preparou centenas de artistas, de todos os gêneros, de forma totalmente gratuita. Além disso, onde há música, há trabalho, e o município vem fortalecendo esse cenário firmando uma cadeia produtiva que envolve técnicos de som, iluminadores, maquiadores e cenógrafos.
Para a presidente da Fundação Rio das Ostras de Cultura, Rosemarie Teixeira, a ligação da cidade com a música está entrelaçada com a história do próprio município e ficou mais fortalecida com a primeira edição do Rio das Ostras Jazz & Blues, em 2003:
— Há muitos anos, a música começou na cidade com a Casa da Música Geraldo Carneiro, o Coral Amadeus e a Orquestra Kuarup. Em seguida, foi inaugurado o Centro de Formação Artística de Música, Dança e Teatro, com ensino básico e técnico nas três áreas. O nosso festival de jazz e blues cresceu e se tornou o maior da América Latina. Com um evento dessa proporção, outras vertentes musicais foram sendo reveladas, e, com isso, fomos descobrindo novos talentos. Isso mostra que o que não falta em Rio das Ostras são talentos, e não só na música, como em tantas outras áreas artísticas.
— Vim de uma família humilde, e ter acesso à formação foi crucial. Minha primeira escola de música foi em Rio das Ostras. Meu primeiro show também. Já me apresentei no réveillon de Copacabana, já fiz shows com Jorge Aragão, Zeca Pagodinho, Thiaguinho, Mumuzinho, Diogo Nogueira e Belo, artistas que sempre admirei e que hoje sabem o meu nome — comemora ela, que tem o sonho de gravar um trabalho inteiro que tenha Rio das Ostras como cenário.
— Em Rio das Ostras comecei minha carreira como cantor nos barezinhos, devagarinho, e depois o trabalho começou a crescer. Lancei um clipe e conquistei meu espaço com a música pop americana, que é do que eu gosto. Comecei a evoluir, fiz shows para a prefeitura, comecei a rodar o estado fazendo casamento, e aqui na região meu nome é bem conhecido.
Do interior de Pernambuco, o forrozeiro Odoguiinha tem uma história parecida:
— Em abril, tocarei com minha banda em quatro shows na cidade. Rio das Ostras me abraçou desde o primeiro contato. Aqui percebi que era um local em que poderia mostrar meu trabalho.
Assim como as oportunidades em Rio das Ostras estão abertas para quem quer viver de música, os grandes eventos sediados pela cidade acabam sendo um prato cheio para o turismo. Na última edição, em 2024, o Rio das Ostras Jazz & Blues Festival, totalmente gratuito, atraiu mais de 20 mil turistas, gerando 210 empregos temporários, além de ocupar 95% da rede hoteleira.
— A intensa atividade musical de Rio das Ostras, impulsionada por eventos de destaque como o Jazz & Blues e o Sesc Verão, posiciona a cidade como um importante polo cultural e turístico. Essas iniciativas não apenas promovem a valorização artística, mas também impactam diretamente a economia local, refletindo-se na ocupação da rede hoteleira. Esses números consolidam Rio das Ostras como um destino de referência em turismo e entretenimento — afirma João Neto, presidente da Associação de Pousadas e Hotéis de Rio das Ostras (Aphoro)
Fonte: Extra