No período, Janja protagonizou episódios controversos
No segundo ano como primeira-dama, Janja da Silva manteve uma postura afeita a aparições públicas, ativa nas redes sociais e teve um papel importante na internação do presidente Lula (PT) devido a uma hemorragia cerebral ao, de acordo com a equipe médica do petista, decidir pelo anúncio de que ele seria submetido a um segundo procedimento cirúrgico.
Resgate do cavalo
Durante as enchentes que deixaram 183 mortos no Rio Grande do Sul, Janja se mobilizou nas redes sociais e pediu ao Exército que atuasse no resgate de Caramelo, um cavalo que passou ao menos quatro dias ilhado nos alagamentos da cidade de Canoas.
A primeira-dama fez publicações no X (antigo Twitter) a respeito do animal desde que emissoras de televisão reportaram sua situação e foi criticada por políticos de oposição, que a acusaram de buscar protagonismo na tragédia. Por fim, ainda participou de um desentendimento público com Whindersson Nunes, influenciador que publicou um "meme" a respeito de sua atuação no resgate.
Em 9 de maio, a primeira-dama anunciou que o animal foi resgatado e aproveitou para responder a Nunes, sem citá-lo: "Para quem anda divulgado fake news por aí, mais uma boa notícia: o cavalo Caramelo está salvo, graças a Deus ( ) A gente conseguiu salvar mais uma vida".
Às vésperas do segundo turno da eleição pela prefeitura de São Paulo, no final de outubro, Janja participou de um vídeo de tom crítico ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), que relembra um boletim de ocorrência registrado por sua esposa, Regina, contra ele em fevereiro de 2011.
Na publicação, a primeira-dama e aliadas questionam se as mulheres da capital paulista "estarão seguras nas mãos do prefeito" e Janja pede votos para "quem caminha ao nosso lado pelo fim da violência contra as mulheres".
A primeira-dama e Lula apoiaram Guilherme Boulos (PSOL), que foi derrotado por Nunes no pleito, mas o presidente evitou fazer declarações mais duras contra o incumbente, tendo em vista que o MDB comanda três ministérios de seu governo e é um aliado no Congresso Nacional. Após a publicação, o jornal O Globo reportou que a cúpula do partido se incomodou com o engajamento de Janja em um conteúdo dessa gravidade.
Em entrevista ao CNN Brasil em novembro, Janja reclamou de não ter gabinete ou equipe próprias no governo federal. "A primeira-dama dos EUA tem gabinete e diversas outras primeiras-damas têm ( ) eu não posso nem colocar isso no papel. Se quiser produzir alguma coisa, uma carta, alguma coisa, pago do meu bolso e isso ninguém sabe. Tudo é do meu bolso que eu pago, porque não tenho nada disso. As roupas que eu uso, tudo, tudo sai dali", afirmou.
Janja responsabilizou o machismo pela ausência da estrutura, mas a titulação não lhe garante um cargo eletivo ou posição de governo — como a de ministro, por exemplo. Mesmo assim, a primeira-dama tem assessores pessoais remunerados pela União e uma sala no terceiro andar do Palácio do Planalto, que foi ampliada por uma reforma recentemente. Além disso, Janja fez indicações pessoais para posições na Secom (Secretaria de Comunicação Social), pasta onde tem reconhecida influência, e na própria estrutura da Presidência — caso de Margarida Cristina de Quadros, assessora especial, que foi sócia da primeira-dama.
Durante participação no G20 Social, que antecedeu a reunião da Cúpula do G20 no Rio de Janeiro, em novembro, Janja afirmou "não ter medo" de Elon Musk e usou um xingamento em inglês para se referir ao proprietário da rede social X e da fabricante de veículos Tesla: "Fuck you, Musk".
O bilionário havia sido anunciado por Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, para chefiar Departamento de Eficiência Governamental de sua gestão a partir de janeiro de 2025. Musk reagiu à ofensa de Janja em publicação no X, onde escreveu: "Vocês vão perder a próxima eleição".
Sem citar a esposa, o presidente demonstrou insatisfação com a fala em discurso no festival sobre a campanha da Aliança Global Contra a Fome, que acontecia em paralelo ao G20: "Eu queria dizer para vocês que essa é uma campanha em que a gente não tem que ofender ninguém, não temos que xingar ninguém".
A leitura feita por analistas na ocasião foi de que, além de atacar o futuro integrante da administração de um importante parceiro comercial brasileiro, Janja ainda "tomou os holofotes" da promoção da agenda contra fome, tida como prioritária por Lula e que ganharia protagonismo na reunião do G20.
Fonte: Isto È