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Macaé Sustentável, Até quando?

Por Jorge Aziz em 13/11/2024 às 13:52:33
Foto satélite Macaé

Foto satélite Macaé

Em Macaé, cidade conhecida como a "Capital Nacional do Petróleo", o horizonte é preenchido por plataformas e termelétricas que impulsionam o progresso, enquanto o som constante das máquinas simboliza o ritmo de crescimento da cidade. Esse cenário, que tanto sustenta a economia local, traz consigo uma questão inquietante: a dependência de um recurso que, ao mesmo tempo que alimenta, ameaça consumir a essência da cidade e de seu entorno.

Como em A Tragédia dos Comuns de Garrett Hardin, onde pastores exploram um pasto comum até o esgotamento, a abundância inicial do petróleo em Macaé leva à impressão de que é possível expandir indefinidamente. Cada novo poço perfurado, cada expansão da malha de dutos e cada ampliação das termelétricas parece fortalecer a economia e proporcionar mais empregos e oportunidades. Mas, assim como o pasto coletivo, esses recursos finitos carregam o risco de serem exauridos e, pior, de impactarem gravemente o meio ambiente e a vida cotidiana.

A cidade cresce em torno da indústria petrolífera. A prosperidade econômica traz uma maré de novos moradores, carros lotam as vias e os aluguéis disparam, deixando o custo de vida quase insustentável para muitos. A pressão sobre a infraestrutura e sobre os recursos naturais, especialmente a água e a terra, vai se intensificando, enquanto a qualidade de vida começa a sofrer. Em paralelo, o ar é carregado pelas emissões das termelétricas, as águas têm sua pureza ameaçada pelos resíduos industriais, e as zonas verdes perdem espaço para o avanço urbano desordenado.

Os gestores de Macaé enfrentam um dilema semelhante ao dos pastores do conto de Hardin. Eles sabem que permitir o uso excessivo dos recursos naturais põe em risco o futuro da cidade e de sua população. Porém, como lidar com a pressão da economia e da necessidade de geração de empregos? Cada concessão à indústria, cada nova expansão do setor de petróleo, representa mais renda e empregos no presente, mas, ao mesmo tempo, é mais um passo em direção a uma possível exaustão de seu bem comum: o meio ambiente e a qualidade de vida dos moradores.

Para Macaé, o desafio que Hardin descreveu tão bem se torna um alerta vivo. Como quebrar o ciclo de dependência? Como encontrar o ponto de equilíbrio entre o desenvolvimento e a preservação, entre o imediato e o duradouro? Os gestores de Macaé precisam traçar um caminho que não seja o de consumir o "pasto" comum até o fim, mas sim de aprender a geri-lo para que as gerações futuras possam viver na cidade que um dia foi chamada de "Capital Nacional do Petróleo" — mas que, talvez, possa ser lembrada, no futuro, como a capital da inovação sustentável.

Fonte: A Tragédia dos Comuns, Garrett Hadin

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