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Deputada estadual Lucinha Ă© denunciada por integrar milĂ­cia no Rio

A ex-assessora Ariane também foi denunciada

Por RJNEWS em 18/06/2024 às 08:11:27

A deputada estadual Lucia Helena Pinto de Barros (PSD), a Lucinha, e sua ex-assessora parlamentar, Ariane Afonso Lima, foram denunciadas, nessa segunda-feira (17), pelo procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos, por integrarem a milĂ­cia conhecida como "Bonde do Zinho", "Tropa do Z" ou "FamĂ­lia Braga", chefiada por Luis Antonio da Silva Braga, o Zinho.

De acordo com as investigações, Lucinha e a assessora faziam parte do nĂșcleo polĂ­tico da organização criminosa. Zinho se entregou à PolĂ­cia Federal em 24 de dezembro do ano passado. A denĂșncia foi entregue ao Órgão Especial do Tribunal de Justiça (TJRJ) e relata que, com base nas informações coletadas durante a Operação Dinastia I, a milĂ­cia era composta por um nĂșcleo operacional, formada por trĂȘs subgrupos: as lideranças principais, as lideranças locais, com atuação especĂ­fica nas ĂĄreas de domĂ­nio do grupo, e os assessores, também conhecidos como soldados ou informantes, ligados à liderança principal e responsĂĄveis pelo contato com integrantes das forças de segurança, execução do patrulhamento e segurança, entre outras funções.

Em outro trecho, a denĂșncia diz que "com o avanço das investigações e no curso do inquérito policial que originou a Operação Dinastia II, identificou-se a existĂȘncia de outros dois nĂșcleos, o nĂșcleo financeiro, destinado à lavagem de capitais obtidos com as prĂĄticas criminosas, e o nĂșcleo polĂ­tico, integrado por Lucinha e Ariane e cuja função era a defesa dos interesses dos criminosos junto ao Poder PĂșblico".

"Em mĂșltiplos episódios, constata-se a clara interferĂȘncia das denunciadas na esfera polĂ­tica, junto a autoridades policiais e polĂ­ticas, ora para favorecer os interesses da organização criminosa, ora para blindĂĄ-la das iniciativas estatais de combate ao grupo e ora para livrĂĄ-los de ações policiais, garantindo a impunidade dos seus integrantes", relata ainda a denĂșncia.

Entre os episódios em que as denunciadas interferiram politicamente em favor dos criminosos, o documento descreve que, em julho de 2021, Lucinha e Ariane forneceram ao grupo informações privilegiadas relacionadas à agenda de visitas do prefeito do Rio, Eduardo Paes, à zona oeste, permitindo que os milicianos retirassem seus integrantes das ruas das localidades dominadas pela organização criminosa.

Houve, também, tentativa de interferĂȘncia junto ao prefeito e demais autoridades municipais para que fosse mantida a chamada "Brecha da P5" no transporte pĂșblico alternativo municipal, maior fonte de obtenção direta de recursos da milĂ­cia. Desta forma, o grupo poderia explorar o serviço fora do itinerĂĄrio determinado, aumentando a arrecadação das vans.

Além disso, as denunciadas receberam do grupo criminoso informações privilegiadas sobre a prĂĄtica de crimes cujas investigações se encontravam em curso para, em Ășltima instância, interferir no curso destas e determinar a linha investigativa a ser seguida pelos investigadores. A denĂșncia também aponta que, em novembro de 2021, a deputada prestou auxĂ­lio a membros do "Bonde do Zinho" presos em flagrante, para liberĂĄ-los da captura.

No mesmo perĂ­odo, ainda segundo a ação penal, a deputada tentou interferir junto ao Comando da PolĂ­cia Militar e ao alto escalão polĂ­tico da Assembleia Legislativa (Alerj) para remover dos cargos os comandantes da 8ÂȘ Delegacia de PolĂ­cia JudiciĂĄria Militar e do 27Âș Batalhão de PolĂ­cia Militar, em razão do combate dos agentes à organização criminosa.

As investigações também demonstraram que, entre junho de 2021 e março de 2022, as denunciadas mantiveram encontros frequentes com as principais lideranças do grupo miliciano, entre eles, Zinho, em média duas vezes por mĂȘs, para estabelecer as linhas da interferĂȘncia que seriam exercidas junto à Alerj. Além disso, a denĂșncia também relata que Lucinha nomeou como assessores em seu gabinete, entre 2021 e 2023, integrantes e parentes de integrantes da organização criminosa.

As acusadas vão responder pelo artigo 288-A do Código Penal, na forma da Lei 12.850/12, que trata do crime de constituição de milĂ­cia privada e cuja pena pode variar de 5 a 10 anos de prisão e multa, além da perda da função pĂșblica.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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